História da Fecoergs
FECOERGS 50 anos - Uma história de energia, cooperação e telecomunicação
Eletrificação rural cooperativada pioneirismo brasileiro - há mais de 80 anos - levando energia ao campo e hoje novamente pioneiras em levar internet ao homem do campo
A história ilustra que a cooperação permitiu às sociedades evoluírem mais rapidamente. Cooperar significou, desde os primórdios da humanidade, obter resultados melhores com ações coletivas, do que apenas com atos individuais. Por isso, cooperar também é considerado uma forma eficaz de empreender. O povo gaúcho é reconhecido, em âmbito nacional, como aquele que empreendeu ao fundar a primeira cooperativa de eletrificação rural brasileira, em 1941. Comparada a uma semente lançada para germinar, a Cooperativa de Força e Luz nasceu em 2 de abril, no Distrito de Quatro Irmãos, então Oitavo Distrito do Município de José Bonifácio, hoje, cidade de Erechim.
Não seria possível recuperar essa história sem reconhecer o ano de 1941 e os acontecimentos em Quatro Irmãos. Como uma semente que germinou o cooperativismo no setor de energia, hoje com 15 delas distribuindo energia no interior do Estado, e outras 10 novas desenvolvendo atividades na geração de energia através de pequenas centrais hidrelétricas, de biomassa, solar e além disso, estão à frente de uma nova missão: levar internet aos lares dos produtores rurais.
É neste sentido que se fala em legado para o futuro. Uma fundação em tempos idos, baseada em uma necessidade regional latente, lá no passado, impulsionou a função social que é, reconhecidamente, uma das mais importantes do cooperativismo no mundo todo: gerar e distribuir desenvolvimento e riqueza. Somado à falta de interesse das concessionárias em expandir suas redes e levar energia à área rural.
Ora, somente com o cooperativismo, foi possível que agricultores se unissem para construção de redes de energia elétrica, para atendimento de suas necessidades.
Conquistada esta autonomia, o futuro do sistema de geração e distribuição de energia elétrica, no meio rural, foi completamente modificado.
A FECOERGS e o desenvolvimento da eletrificação rural cooperativada
Em 8 de setembro de 1971, ou 30 anos após a fundação da Cooperativa Força e Luz, fundou-se a Federação das Cooperativas de Eletrificação Rural do Rio Grande do Sul, hoje a entidade denomina-se Federação das Cooperativas de Energia, Telefonia e Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul (Fecoergs).
Nesta década de 1970, a eletrificação rural tomava impulso, e o Ministério da Agricultura executava planos de desenvolvimento pelo interior do país, com base na regulamentação definida para execução do trabalho técnico. Era necessário, então, buscar recursos de forma organizada e, por isso, em 1975 a Fecoergs realizou forte ação pelas cooperativas. De um lado, perseguiu recursos públicos junto ao 1º Plano Nacional de Eletrificação Rural. De outro, buscou a viabilização deste trabalho em sua base: promoveu levantamentos e mapeou necessidades de redes no meio rural, para elaborar projetos e, na sequência, realizar licitações para a compra dos materiais e equipamentos, a fim de executar as obras.
Um período conturbado, marcado pelo protagonismo da Fecoergs
A eletrificação do meio rural sempre foi um desafio do setor e, por isso, os incentivos provinham do governo federal. Por fim, pelo desempenho das cooperativas superando as expectativas do banco repassador: à época, se dizia sobre o programa de eletrificação que, no final, as últimas prestações seriam pagas com uma "galinha ou uma caixa de fósforo" e, até hoje, cooperativas são referência histórica de investimento e de contrapartida à sociedade.
Em um ambiente de necessidades latentes no campo, as cooperativas corriam à frente e relembram casos de dificuldades com abertura de cavas, por exemplo, para colocação de postes de energia, contrariando as concessionárias que de forma intervencionista não queriam que as cooperativas realizassem este trabalho.
A atuação da federação e a consolidação das cooperativas
A expressão do movimento cooperativista de energia se mostra, também, por seus números ao longo dos anos. Por exemplo:
| 1971 | 10.365 propriedades rurais com energia elétrica |
| 1996 | 132.285 propriedades rurais com energia elétrica |
| 2021 | 304.496 propriedades rurais com energia elétrica |
Na década de 1970, e nos subsequentes, muitos outros nomes despontaram com extensa atuação no desenvolvimento e consolidação das cooperativas de geração e distribuição de energia elétrica. Entre eles estão: Paulo Brandão Rabelo, Odhyr Heitor Thiesen, Olavo Stefanello, Frederico Damião Bavaresco, Frei Renato Francisco Schmidt, Airton Brust, José Zordan e João Sabino Bonfada.
A crise energética: um impulso às cooperativas do RS
No limiar da década de 1990, período de maior crescimento populacional urbano e de diversificação da indústria e do comércio, o campo também crescia. Considerado o valor de mercado do petróleo, uma crise energética constituiu forte ameaça. O Ministério de Minas e Energia projetou a diversificação de fontes de energia, especialmente com o uso do recurso hidráulico. Também previu a implantação das Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs). Em consonância com o planejamento federal, o Rio Grande do Sul mudou de atitude frente a embates do setor de eletrificação rural, e em prol de fortalecer as cooperativas. Surgiu a primeira PCH construída por cooperativa, em 1993, e que hoje opera com 0,88 MW de potência, no Rio Pinheirinho, município de Ibirubá, construída pela Coprel. Sua inauguração foi um marco na "eletrificação rural do estado".
Hoje (2021) são 37 (trinta e sete) usinas, pequenas centrais hidrelétricas das cooperativas em funcionamento e outras 10 (dez) em parceria entre cooperativas e/ou empresas.
A comunicação e a conectividade no campo
A digitalização no campo é um desafio no Brasil, especialmente pela questão da conectividade, pois o acesso à internet é limitado em algumas regiões do país. Problemas de conexão conhecidos em áreas urbanas são infinitamente maiores nas fazendas e áreas rurais e este é, portanto, um dos maiores obstáculos na implantação de inteligência artificial. As cooperativas de energia e de infraestrutura, cientes das dificuldades e demandas de seus associados em comunicação para um mundo digital, buscam a implantação de internet no campo. Por isso, entidades já pioneiras em levar energia ao meio rural, hoje estão à frente ao disponibilizar conexão de internet para os seus cooperados. Este acesso possibilita a adoção de sistemas operacionais, instalação de maquinários inovadores, sensores e equipamentos que otimizam o trabalho das cooperativas e melhoram a vida do trabalhador. Duas unidades se destacaram como pioneiras do avanço da internet no campo: a Coprel, de Ibirubá, e a Creral, de Erechim.
Além da Coprel e da Creral, outras cooperativas do sistema Fecoergs vêm implantando ou planejando implementar internet para os associados: Ceriluz, de Ijuí, Coopernorte, de Viamão, Cerfox, de Fontoura Xavier e Certaja, de Taquari.
O Sistema FECOERGS 2021: a expressão do cooperativismo
A trajetória da Federação na consolidação das cooperativas de eletrificação rural persiste. Um trabalho coeso, técnico e estrutural, com o honrado propósito de garantir energia de qualidade a milhares de associados. Nos últimos anos, com mais uma missão a cumprir: a implantação de internet no campo.
Hoje sob a presidência de Erineo José Hennemann, também presidente da Certel, de Teutônia, a Fecoergs tem Renato Pereira Martins, que preside a Certaja, de Taquari, como vice-presidente e Querino Volkmer, presidente da Cooperluz de Santa Rosa, como secretário.
A atual composição defende a autossuficiência energética, a internet e a energia no campo como forças do agronegócio e o crescimento das cooperativas de infraestrutura, que geram emprego, renda e energia de qualidade ao associado. Estas premissas estão baseadas na missão da Federação, que é "Integrar e desenvolver, de forma sustentável, as cooperativas de infraestrutura, exercendo a representação político-institucional, compartilhando conhecimentos e soluções inovadoras".
O balanço atual da Fecoergs aponta alguns dados relevantes:
- Encerrou 2021 com 37 usinas de geração de energia - PCHs com potência instalada de 138 MW. É potencial que atende 30% da demanda do sistema Fecoergs.
- Mantém alianças entre cooperativas e empresas para viabilizar a construção de novas usinas, pequenas centrais hidrelétricas, termoelétricas e de geração eólica. As unidades em desenvolvimento são das cooperativas de geração: Ceriluz, Certhil, Creluz, Cooperluz, Creral, Certel, Coprel e Coopernorte.
Um trabalho contínuo
Os esforços pelo sistema de distribuição de energia são contínuos, com a construção de novas linhas, redes e subestações pelas cooperativas. Investimentos visam garantir a qualidade e disponibilidade da energia aos associados. Também objetivam o pioneirismo em levar a conectividade ao campo. Em 2021, conquistaram-se 4.602 novos estabelecimentos no meio rural, e um total de 308.354 propriedades supridas com energia. O trabalho das cooperativas beneficia mais de 1,3 milhão de gaúchos, e estes números corroboram o sucesso.
São 72 sedes municipais, atendidas diretamente pelas cooperativas, pois antes eram vilas e tornaram-se distritos com o impulso da chegada da "luz".
As cooperativas, depois juntamente com a Fecoergs, enfrentaram os desafios que surgiram nestes 80 anos e foram capazes de vencê-los, principalmente, pela prática do cooperativismo e da intercooperação.
A sobrevivência e o desenvolvimento das cooperativas de infraestrutura também estão enraizados na elevada qualidade dos serviços prestados aos associados, comprovados pelos Prêmios de Qualidade da Energia Distribuída, recebidos da agência nacional do setor - Aneel, nos últimos anos.
A digitalização, a descentralização e a descarbonização do setor elétrico trazem novas questões para as cooperativas de infraestrutura, que precisarão estar preparadas para adotar a inovação e abraçar a sustentabilidade como grandes metas.
Estas mudanças e as atualizações do setor elétrico e do novo mundo, mais conectado, são desafios que já começaram a ser enfrentados.
